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Investimentos em qualificação minimizam efeitos da crise

Investimentos em qualificação minimizam efeitos da crise

Ação deve ser a resposta ao período de turbulência econômica mundial.

A qualificação profissional ganha maior destaque, nestes tempos difíceis. É o que aponta a especialista em Recursos Humanos, Kátia Mestriner, em entrevista ao Boletim do Empresário. Segundo ela, a relação empregado/empregador, no Brasil, ainda sofre resquícios de uma legislação que protege o trabalhador e onera o vínculo empregatício. “A vantagem da crise é que ela obriga a reinventar soluções, e uma delas pode ser a qualificação”, destaca.

Apesar de haver a necessidade, poucas são as empresas que investem no profissional. Segundo Kátia, as razões são históricas, já que o Estado assumiu um papel paternalista em relação ao empregado, regulando a relação. “Hoje, em muitas situações, a legislação trabalhista não está adequada às novas demandas, e impõe um distanciamento entre a mão-de-obra e as organizações. O ideal seria uma legislação mais flexível, que atendesse ambas as necessidades”, ressalta.

Nos tempos de crise, tendem a surgir novos contratos, intermediados pelos sindicatos, o que os legitima e ao mesmo tempo inovam como, por exemplo, utilizando as reduções de carga horária e de salário, em troca da manutenção do emprego. A inserção de qualificação dos trabalhadores neste período, como o layoff (suspensão temporária do emprego para qualificação), também faz parte de novos acordos, em parceria com sindicatos de cada categoria.

A contribuição de cada setor

As áreas de RH também assumem importante papel para mediar soluções, por conhecerem bem as necessidades e o perfil dos empregados e dos empresários, estando "antenados" com estas realidades. Para Kátia, o setor pode contribuir também no desligamento de pessoas, fazendo esta ação de maneira menos traumática possível, para ambos os lados.  Os PDV (Programa de Demissão Voluntária) são um exemplo. ”É importante avaliar quem deve ser desligado para que a empresa não venha a se ressentir, por ter dispensado pessoas estratégicas, que darão condição da organização continuar no pós-crise, lembra a especialista.

“As empresas que pretendem aumentar a eficiência dos empregados têm os ajudado a compreender que eles são responsáveis pelas próprias escolhas, pela própria carreira e pela própria vida”, afirmou Kátia. Outros setores, como o governo, também fazem a sua parte. O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), por exemplo, disponibilizou recursos para evitar cortes, como o Bolsa Qualificação Profissional. Já, sindicatos e empresas também estão se unindo para a criação de cursos de qualificação profissional no país. Dados do MTE revelam que apenas 16% da população economicamente ativa do Brasil tem alguma qualificação profissional, contra 30% em países como Chile, México e Argentina.

bg

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